Eventos em Gestalt-Terapia

O INSTITUTO GRANZOTTO criou um Encontro de Gestalt-terapia com o intuito de reunir alunos, ex-alunos e gestalt-terapeutas de nosso Estado e das demais regiões do país que queiram compartilhar suas experiências e avançar nas discussões sobre uma clínica gestáltica que atenda as demandas contemporâneas.

GESTALT EM TODO LUGAR
Encontro On-line de Gestalt-terapia
Clínica e Resistência

APRESENTAÇÃO

Refletir enquanto clínicos gestálticos sobre as consequências dos conflitos de poder, da cultura do ódio, da violência desmedida e estruturalmente direcionada é uma necessidade e sobretudo uma urgência.

Mais além das ideias, conhecer as práticas que já estão em curso em nosso país fustigado pela intolerância e pela exclusão constitui nosso mergulho neste “Gestalt em todo lugar” intitulado “Clínica e Resistência”.

Buscamos assim marcar nossa implicação como clínicos no cenário de combate à produção do sofrimento ético-político.

Venha discutir conosco nos dias 27 e 28 de agosto, dia da Psicologia brasileira e a um passo das eleições para presidente, nosso compromisso maior como atores da história.

PROGRAMAÇÃO
Dias 27 e 28 de agosto de 2022

9h - Abertura
Clínica como forma de resistência
Rosane Lorena Granzotto – Florianópolis - SC

10h – Mesa 1: Raízes da insubmissão
Fritz Perls: Convite a curiosidade cotidiana
Gabriel da Silva – Florianópolis – SC
Laura Perls: Educação, política e arte na clínica
Tássia Lobato Pinheiro – Juazeiro do Norte – CE
Os motivos para uma Gestalt-terapia ontem e hoje
Diogo de Oliveira Boccardi – Florianópolis – SC

14h - Mesa 2: Por uma clínica crítica
Pensando a neurose: entre a clínica e a política
Marcus Cézar de Borba Belmino – Juazeiro do Norte – CE
Saúde Mental e Cultura Contemporânea: olhares gestálticos para os processos de medicalização da existência.
Mariama Furtado – Rio de Janeiro – RJ
Da resistência à desistência? - Psicodiagnósticos, Gestalt-terapia e as tergiversações manicomiais entre nós.
Diogo de Oliveira Boccardi – Florianópolis – SC

16h – Mesa 3: Intervenções no sofrimento ético-político
Reconfigurações de uma clínica gestáltica: inquietações e invenções de uma prática marginal
Laura Cristina de Toledo Quadros – Rio de Janeiro – RJ
O Acompanhamento Terapêutico (AT) como estratégia política de ocupação de espaços – das (im)possibilidades
Marcele de Freitas Emerim – Florianópolis – SC
O enfrentamento gestáltico de contextos de violência intrafamiliar
Lia Silva Botega – Belém – PA

9h – Mesa 4: Clínica expressiva e resistência
Ser artista pra sentir a vida: arte, sensibilidade e resgate.
Wilson Luis Farias Pinto – Sobral – CE
Clínica, corpo e política: práticas somáticas e dança como experimentos estéticos de subjetivação
Raimundo Severo Junior – Fortaleza – CE
Teatro do oprimido, desmecanização e awareness: a arte de “pescar luz caída”
Pablo Martins – João Pessoa – PB
Clínica como possibilidade de expressão e resistência
Adriana Karla Rodrigues – Rio de Janeiro – RJ

14h – Mesa 5: Corpos e sexualidades
Gesto: uma narrativa expressiva de si no movimento de tornar-se.
Flavia F. Silva – Rio de Janeiro – RJ
O corpo como produto: produção em série de desejo sexual e ajustamento neurótico
Tatiana Campbell – Rio de Janeiro – RJ
Outras narrativas sobre sexualidades negras
Renata Aparecida Basto Santos – Uberlândia – MG

16h – Mesa 6: Clínica e diversidade
Entre o individual e o coletivo: reflexões acerca das pautas identitárias no processo psicoterapêutico
Rayane Sales Nobre de Lima – Juazeiro do Norte – CE
Por uma Psicologia do diverso: A consciência é ato
Lígia Santos Costa – Salvador – BA

17h – Encerramento

INFORMAÇÕES

contato@institutogranzotto.com.br
(48) 3322-2122
(48) 9 9960-9603 - WhatsApp

Resumos

Considerar a clínica como uma forma de resistência implica em compreender o poder e suas implicações na existência dos sujeitos que vivem sob a ideologia capitalista. Os conflitos de poder estão na gênese do sofrimento contemporâneo, dos comportamentos neuróticos, antissociais e banalizados, portanto, em nossa prática clínica, as questões relativas à organização social, política e econômica a qual o sujeito pertence devem ser consideradas em seus possíveis arranjos defensivos e de resistência frente as injunções a que está sujeitado. Isto requer do psicólogo clínico mais do que o domínio de uma abordagem terapêutica, também um olhar esclarecido e crítico em relação ao meio social em que vive, para que suas intervenções tenham um sentido político que vise a autonomia e o empoderamento dos sujeitos frente ao outro social capitalista. Neste sentido a clínica pode ser considerada um projeto político, uma forma de resistência e produção de uma diversidade, de uma diferença.

Rosane Lorena Granzotto
Psicóloga clínica de orientação gestáltica (CRP 12/39), mestre em Filosofia, diretora do Instituto Granzotto de Psicologia Clínica Gestáltica, co-autora de Fenomenologia e Gestalt-terapia, Psicose e Sofrimento, e Clínicas Gestálticas.

“O sujeito é triturado entre as mandíbulas da guerra e da exploração, apesar de todas as vantagens da civilização, e todas as ilusões com as quais nosso orgulho do ‘progresso’ tenta afogar a ‘insatisfação em nossa civilização’.” Assim escreve Fritz Perls em “Ego, Fome e Agressão”, sua primeira obra publicada. Diante da normatização das experiências e da crítica tornando-se proibida, Fritz voltou sua atenção para a expressão dos corpos e seus direitos, da descoberta das potencialidades, frustrando as repressões e abrindo caminho para os excitamentos, desejos. Um desvio para a espontaneidade. Através de uma vida atravessada por experiências culturais, científicas e políticas, Fritz tornou-se uma figura provocadora e controversa. Em sua vida e obra, encontramos um convite de inquietação acerca da vida cotidiana.

Gabriel da Silva
Gestalt-terapeuta. Psicólogo Clínico. Possui graduação em psicologia pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Formação em Gestalt-terapia pelo Instituto Granzotto de Psicologia Clínica Gestáltica. Supervisor clínico, professor e facilitador de grupos de estudos sobre Gestalt-terapia.

Nessa apresentação pretendo trazer algumas contribuições da Laura Perls para a clínica gestáltica através dos principais contextos abordados por ela em alguns de seus textos.  Na maior parte do tempo, Laura articula os conceitos básicos da clínica à educação, arte e até mesmo religião, compreendendo sempre seu trabalho como político e transformador. Como ela mesma afirmava, poder ajudar pessoas a pensar e separar-se da confluência é um ato político. É preciso corpo para resistir, suportar e produzir mudanças, esse é mais um dos enfoques que essa mulher, fundadora da GT, tão pouco valorizada, traz e será abordado nessa fala: como é possível olhar para os fenômenos sociais, educacionais, religiosos, artísticos e políticos através dos fundamentos de nossa abordagem? Olharemos para suas contribuições e questionaremos os motivos pelos quais sua voz teve tão pouco alcance.

Tássia Lobato Pinheiro Psicóloga
Gestalt terapeuta, Mestre em Educação em saúde pela UNILEÃO. Atualmente faz traduções livres dos textos e contribuições de Laura Perls.

O Objetivo desse trabalho é problematizar a ética gestáltica no campo do entendimento das experiência neuróticas. Faremos inicialmente uma história da compreensão neurótica e suas retomadas no pensamento gestáltico para, em seguida, refletir sobre os desdobramentos contemporâneos acerca dessa forma de experiência. Com isso podemos então problematizar em que medida a neurose resguarda um lugar de sofrimento e resistência e que a atitude gestáltica visa salvaguardar as formas de reinvenção das experiências neuróticas sem, com isso, apontar para uma patologização ou moralização do problema da neurose. Nesse sentido, vamos refletir sobre como a neurose não tem a ver com um lugar de alienação política ou doença, mas sim como podemos pensar que no sofrimento neurótico há, também, um lugar de potência que pode ser resgatada.

Marcus Cézar de Borba Belmino
Psicólogo e Gestalt terapeuta. Mestre em psicologia (Unifor) e Doutor em Filosofia (UFSC). Autor dos livros "A Ontologia gestáltica de Paul Goodman e seus desdobramentos clínicos, políticos e educacionais: Gestalt Terapia, anarquia e desescolarização" (ed. VIA VÉRITA, 2017), "Fritz Perls e Paul Goodman duas faces da Gestalt Terapia" 1a ed. Editora Premius (2014) e 2a ed. VIA VÉRITA, (2018), “Gestalt-terapia e Experiência de Campo: Dos Fundamentos à prática clínica” (Paco Ed. 2020) e "Os Movimentos Humanista-Existencial e Fenomenológico-Existencial na Psicologia: Entrelaçamentos Históricos em uma narrativa breve" (Simplíssimo, 2021) – o. Organizador do livro "Gestalt Terapia e atenção psicossocial" (ed. PREMIUS, 2015). Professor do curso de psicologia e coordenador do Mestrado em Ensino em Saúde da UNILEÃO . Professor convidado de várias formações e especializações em Gestalt Terapia no Brasil.

Nenhuma existência está imune ao sofrimento, ele é parte integrante do viver. O homem é um ser que sofre e o sofrimento, em si mesmo, não é patológico. Ao contrário, compreendemos como parte da vida e como sinal de desequilíbrio na relação homem-mundo.  Nesta apresentação pretendemos levantar questões que envolvem o diálogo da Gestalt-terapia com o campo da saúde mental, problematizando os processos de medicalização da existência e patologização do mal estar em curso na contemporaneidade. Este percurso parte de uma interrogação sobre a atualidade do debate em torno da psicopatologia e das classificações diagnósticas, buscando pensar uma psicopatologia crítica recuperando o caminho aberto pela clínica fenomenológica. Pretendemos pensar propostas de uma Gestalt-terapia ampliada capaz de atuar no âmbito da atenção psicossocial, desconstruindo estigmas sobre o sofrimento psíquico e promovendo uma clínica do encontro e da sensibilidade. 

Mariama Furtado

Psicóloga formada pela UFRJ. Pós-Doutora em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (LAPS/FIOCRUZ), Doutora em Psicologia Social (EICOS/UFRJ). Especialista em Psicopatologia Fenomenológica (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa/SP). Gestalt-terapeuta há mais de 10 anos. Professora da Pós-Graduação em Gestalt-terapia (PUC/RJ) e professora convidada de cursos de Formação em Gestalt de diversos Institutos do Brasil. Supervisora clínica e Diretora do Instituto Epokhé - Clínica e Formação em Gestalt-terapia (RJ).

Se levarmos em conta a profusão de propostas clínicas desenvolvidas ao longo do século XX, resulta importante questionar: o que motivou Laura Perls, Paul Goodman, Fritz Perls e Isadore From, entre outros, a elaborar mais uma teoria, batizada então de Gestalt-terapia? Se é verdade que, acerca dos fenômenos clínicos, tinham interpretações divergentes das que outras abordagens apresentavam, temos que reconhecer que seu mote principal foi uma crítica mordaz às formas de organização social hegemônicas (capitalistas, sobretudo) no pós II Guerra Mundial. Em que medida nossa GT, no Brasil do século XXI, dá continuidade a esse projeto legado? Inspirado no modo propriamente gestáltico de viver o Aqui-Agora, proponho buscar no passado (nas influências anarquistas de Goodman) a orientação para a abertura de novos futuros.

Diogo de Oliveira Boccardi
Doutorando no Programa Interdisciplinar de Ciências Humanas (UFSC). Possui graduação em Psicologia (UFSC/2009). Especialista em Psicologia Clínica (Conselho Federal de Psicologia) e Mestre em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (UFSC). Psicólogo clínico (CRP 12/08439). Foi coordenador do CAPS II Ponta do Coral em Florianópolis-SC entre 2014 e 2019. Gestalt-terapeuta. Experiência nas áreas de Saúde Mental, Saúde Coletiva, coordenação de grupos, arte-educação e formação profissional. Principais interesses de pesquisa relacionados ao suicídio, às psicoses e aos fundamentos das práticas clínicas. Autor de "Viver não é preciso: discursos sobre o suicídio no século XXI" (Via Vérita, 2021) e organizador de "Gestalt-terapia e Sociedade" (Liber Ars, 2021).

Em que pese ter nascido no seio das clínicas médicas e se debruçar sobre fenômenos considerados patológicos, a Gestalt-terapia sempre foi deles uma crítica. Seja por enfrentar o paradigma individualizante herdado da Modernidade (WHEELER, 2011), seja por denunciar a origem sociocultural do sofrimento (BELMINO, 2015), jamais foi concebível para Laura Perls, Paul Goodman, Fritz Perls, Isadore From, entre tantos outros, interpretar as experiências clínicas segundo uma nosografia psicopatológica. No entanto, recentemente temos visto, no Brasil e no exterior, a associação desavergonhada entre diagnósticos psiquiátricos (e especificamente o DSM) e a clínica gestáltica. Termos como "transtornos de personalidade" aparecem pareados às "inibições do contato" e descritos como "formas de vínculo e estilo pessoal", em um passapanismo que só faz submeter a GT (e nossos consulentes) à lógica manicomial e à medicalização dos fenômenos sociais. Qual o lugar dos diagnósticos psiquiátricos para a Gestalt-terapia? Qual é o sentido do uso de categorias como neurose, psicose, esquizofrenia e ansiedade para nossa abordagem?

Diogo de Oliveira Boccardi

Nossa proposta é discutir uma prática gestáltica que se constitui dentro da ética do cuidado, mas se desdobra “fora da caixa”, para além de um modelo convencional. Trago no meu percurso de vida uma inquietação que me move e sigo o convite que a trajetória me faz de caminhar pelas fronteiras, pelas margens, fora de uma trilha reta e presumida. Lidar com o que acontece, viver o cotidiano e deixar-se afetar pelo entorno, pode nos movimentar para além de uma individualidade. Nesse sentido, a clínica nos convoca a uma atuação política e a clínica gestáltica nos permite recriar as fronteiras de nossas práticas. A partir da experiência clínica com pessoas em situação de vulnerabilidade, migrantes e refugiados e mulheres em sofrimento, discutiremos um fazer que tanto aposta no vínculo e o compartilhamento de experiências, quanto nos ajustes criativos que emergem da e na situação. 


Laura Cristina de Toledo Quadros
Gestalt terapeuta, Doutora em Psicologia Social pela UERJ, Especialista em Psicologia Clínica (CRP), Mestre em Psicologia Social e da Personalidade (FGV/UFRJ); Professora do Instituto de Psicologia UERJ, Supervisora Clínica; Coordenadora e Professora da Pós Graduação em Psicologia PPGPS/ UERJ; Professora colaboradora de cursos de especialização em Gestalt-terapia; Coordenadora do Projeto de extensão COMtextos: Arte e livre expressão na abordagem gestáltica e vice-coordenadora do Laboratório Gestáltico – UERJ; Ganhadora do II Prêmio Fritz Perls – Vitória 2009; Pesquisadora com livros e artigos publicados; Atuou como Coordenadora de Estudos e Pesquisa da ONG IAPP ( Instituto de Atendimento e Pesquisa Psicossocial) de 1998 à 2011.

Não somente na atenção às psicoses - como historicamente acompanhamos, a dimensão política da atuação do acompanhante terapêutico (at) pode ser exercida também no trabalho com pessoas em ajustamentos de inclusão (em vivências de violência, luto, crises, exclusão...) e como intervenção junto a pessoas em conflito com álcool e outras drogas. O at atua na rua, nos espaços familiares, nas instituições, nos serviços, na comunidade, dentro de um projeto terapêutico, estabelecendo interlocuções necessárias para garantia de direitos e acolhida às diferenças - advogando em nome disso, buscando promover e assegurar cidadania a diversos laços sociais possíveis (ajustamentos em um campo relacional), investindo na (im)possibilidade de autonomia de seus acompanhados e de ocupação de espaços - físicos e simbólicos - por todo território.

Marcele de Freitas Emerim
Graduada em Psicologia e em Educação Artística, com especializações na área da Educação e em Gestalt-terapia. Mestra e doutora em Psicologia. Psicóloga e supervisora clínica, acompanhante terapêutica. Professora em cursos livres e de formação em Gestalt-terapia em instituições diversas.

A compreensão do que configura um evento de violência intrafamiliar passou por diversas mudanças ao longo da história. Após o entendimento de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, o Estado passou a ser responsável por desenvolver políticas públicas para a garantia de direitos e a diminuição da vulnerabilidade social, política e antropológica destes indivíduos. Entretanto, frente a um Estado baseado na violência estrutural e que, na atualidade vem aumentando sua potência destrutiva, configura-se um desafio atuar dentro das políticas públicas, especialmente para um Gestalt-terapeuta. Desta forma, o objetivo desta apresentação é compartilhar possibilidades interventivas na atuação gestáltica na Política Pública de Assistência Social.

Lia Silva Botega
Graduada em Psicologia pela Universidade da Amazônia (2006). Especialista em Psicologia com ênfase em Gestalt Terapia pelo Centro de Capacitação em Gestalt Terapia - CCGT (2009) e especialista em Psicologia Hospitalar pelo Centro de Estudos Psico-cirúrgicos - USP e Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Viana - FHCGV (2014). Mestranda do Programa de Pós Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura - PPGCLC da Universidade da Amazônia. Tem experiência na área de Psicologia Social, Psicologia aplicada à Assistência Social e Gestalt Terapia, atuando principalmente nos seguintes temas: Gestalt terapia, pesquisa, psicologia social, psicologia hospitalar, supervisão clínica.

Em tempos marcados por grandes rupturas da nossa cotidianidade, dos nossos modos de contato, de extrema fragilização de nosso ser no mundo, em algum momento parecemos criar um jeito de ser na barbárie. Seja a partir do prisma pessoal, político, econômico, social ou de saúde, somos convocados pela necessidade de fazer novos ajustamentos (re)criando outros estilos de ser-no-mundo. Porém nem sempre é fácil criar formas de enfrentamento suficientemente suportivas frente a eventos de tamanha capacidade de desorganização. Mas, como é possível desenvolvermos esta capacidade? Propomos um olhar que pretende resgatar as sutilezas dos rituais perdidos, do contato em comunidade e fundamentalmente da criatividade como estratégias que "adiar o fim".

Wilson Luis Farias Pinto
Psicólogo graduado pela Universidade Federal do Ceará com formação e especialização em Gestalt-terapia. Membro da Associação Brasileira de Gestalt-terapia e Abordagem Gestáltica (ABG). Formado em Arteterapia com ênfase em arte, corpo e subjetivação pelo Instituto Aquilae - CE. Atuou como professor do curso de Psicologia da Faculdade Luciano Feijão – Sobral (CE). Trabalha na clínica e como supervisor na Curare Espaço Terapêutico. Ator cadastrado pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SECULT-CE) com atuação em teatro desde 2005. Criador e roteirista do Podcast Gestalt Aberta que traz conteúdos fonográficos on-line sobre Gestalt-terapia com acesso gratuito. Fundador do Instituto Poiesis de Gestalt-terapia que facilita cursos formativos para gestalt-terapeutas na região norte do estado do Ceará. Estuda temas vinculados a Sonhos, Fenomenologia, Gestalt-terapia, Teatro, Teatro do Oprimido, Arte e Palhaçaria.

Este trabalho parte do princípio de que as práticas em saúde não são neutras, isto é, sempre se assentam sobre determinadas concepções a respeito dos processos de produção de saúde e doença. Neste sentido podemos afirmar que toda prática em saúde é um ato político, cabendo ao profissional tomar consciência sobre quais modos de existência sua prática favorece. A medicalização da vida cotidiana vem avançando cada vez mais sobre os fenômenos da existência, apontando para a necessidade do fortalecimento de intervenções alinhadas com a perspectiva do conceito de clínica ampliada. Não se trata, no entanto, de negar o avanço científico e tecnológico da ciência médica ocidental, mas da criação de fissuras, brechas e arejamentos nas práticas de assistência à saúde através de dispositivos que propiciem a problematização sobre os limites do modelo historicamente dominante e suas epistemologias. Na minha trajetória como psiquiatra, Gestalt-terapeuta, educador somático e pesquisador em dança, venho desenvolvendo há mais de vinte anos uma experiência de agenciamento entre práticas do corpo e processos de subjetivação, através da condução de grupos regulares de experimentação em dança e educação somática, em diálogo com o trabalho clínico em Gestalt-terapia. Ao longo do percurso venho construindo uma sistematização desta proposta para a dança como prática de si, identificando algumas pistas teóricas e metodológicas na realização desta proposição, permitindo a elaboração de alguns princípios e conceitos. Neste trabalho apresento o conceito de experimento estético de subjetivação, concebido como um conjunto de procedimentos propostos com a intenção de disparar uma experiência estética na qual o sujeito possa aventurar-se nas dimensões do perceber-se, do expressar-se e do narrar-se. É a partir desse conceito que compreendo a experiência das práticas somáticas e dança em contextos terapêuticos como práticas de si e como possíveis dispositivos de subjetivação.

Raimundo Severo Junior
Médico Psiquiatra e Psicoterapeuta com formação em Gestalt Terapia, Mestre em Saúde Pública. Formado pela Escola Pública de Dança da Secretaria de Cultura de Fortaleza no curso Dança e Pensamento, em parceria com a Universidade Federal do Ceará. Atua na área da psiquiatria clínica, da psicoterapia, da atenção psicossocial, das políticas de saúde mental e sua relação com o campo da saúde coletiva, desenvolvendo trabalhos na interface entre arte, corpo, cultura e subjetividade. Dirige o Instituto Aquilae onde coordena a formação de arte-terapeutas na proposta metodológica Arte, Corpo e Subjetivação e ministra o curso O Corpo em Movimento no Contexto Terapêutico.

Diante de um cenário social e político de horror, em que somos atingidos, sobretudo na potência dos corpos, proponho pensar a partir da minha trajetória como multiplicador de Teatro do Oprimido (T.O), como esse “caminho metodológico” pode oferecer um campo de experimentos para os trabalhos de grupo orientados pela Gestalt-Terapia (GT). Na constituição das oficinas, sobretudo nos jogos e exercícios, busca-se de acordo com Boal a desmecanização física e intelectual (pela minha experiência poderíamos ampliar considerando as dimensões sensorial, criativa e relacional). Percebo esse propósito com aproximações possíveis do conceito de Awareness. Nesse sentido, os jogos e exercícios do T.O, por exemplo, podem ser utilizados sem verbalização e centrarem-se no fim em si mesmo da desmecanização e sensibilização, como também funcionam enquanto poderosas metáforas sobre a vida e as relações de poder, nascidas e sentidas no corpo, junto e em relação com outros corpos, sendo via para o compartilhamento das experiências afetivas emergentes no aqui-agora da vivência grupal. Enfim, não somente o percurso com os jogos e exercícios, mas todo o sistema do T.O, a exemplo do Teatro Imagem e do Teatro-Fórum, apresentam possibilidades nutridoras de pontes e aproximações com a GT pela via da criatividade estética, poética e política. Nessa apresentação, buscarei fazer uma articulação teórica entre conceitos da GT e do T.O, como também compartilhar experiências que me despertam para essa articulação, ao aquecer a ideia de que o afetivo é político e que há um caráter revolucionário na experiência estética.

Pablo Martins
Multiplicador de Teatro do Oprimido, Psicólogo Social e clínico, Gestalt-terapeuta, Mestre e Doutor em Ciências Sociais, e professor de Psicologia.

Com base na Fenomenologia e na Gestat-terapia, o trabalho clínico pode ser um campo para além da elaboração racional de ressignificação e repetição ou de entendimento do mundo como se compreende no “cotidiano”. Abarcando o campo das experimentações através das expressões diferenciadas, criativas e por vezes artísticas, colocando o paciente em contato com sua experiência no aqui-agora, a clínica tem a potência de ampliar a “awareness”, que vai se ampliando conforme suas possibilidades de expressão vão sendo reconhecidas e validadas. Como processo vivo que é o fazer clínico, podemos explorar alguns recursos e experimentos na relação terapêutica para além da técnica. Tanto os experimentos clássicos conhecidos na Gestalt-terapia, ou mesmo intervenções diferenciadas da arte- terapia, do teatro e outras artes são formas éticas e estéticas das possibilidades de relação com o meio. Formas expressivas que integram potências criativas à abordagem gestáltica e suas formas de intervenção. 


Adriana Karla Rodrigue
s
Psicóloga Clínica, graduada em Psicologia (IBMR- Laureate), Especialista em Psicologia Clínica, em Gestalt Contemplativa e Transpessoal pela Universidad Abierta Interamérica da Argentina e em Gestalt-terapia pela Universidade Unileya. Formação em Terapia de Casais e Família pela Abordagem Gestalt/Sistêmica – CGT – RJ. Arteterapeuta, Especialista em Arteterapia Junguiana pela Clínica Pomar – RJ. Formação internacional em Mandalas Terapêuticas pelo CEIMAS – SP – Centro internacional de mandalas, arte e simbolismo. Atriz (Escola de Artes Dramáticas de SP – USP, e Formação Miriam Muniz - SP), integrante do grupo “Tarja Preta” de teatro. Atuou como diretora de equipamentos culturais na Biblioteca Parque Estadual RJ, Museu de Arte do Rio e Museu do Amanhã. Professora convidada do Instituto Epokhe – Formação em Gestalt e do Instituto Nucafe – núcleo de clínica ampliada fenomenológica existencial.

Iremos trabalhar gesto como uma espécie de narrativa corporal, pensando gesto como em Merleau-Ponty, corpo vivo. Corpo que é situado socialmente, historicamente, que gesticula e age dentro de uma norma que tem no corpo uma forma, uma espécie de ferramenta que instrumentaliza um sistema opressor e de manutenção de opressões. Gesto que é linguagem corporal, narrando e performando a corporalidade nos movimentos de Ser-no-mundo. Mas é também no gesto corporal, nessa narrativa, na abertura de possibilidades, na potência da experiência expressiva da awareness que reinvenções e resistência são possíveis. O corpo vivo cria espaço para novas existências, re-existências, trans-existências, pluri-existências.

Flavia F. Silva
Gestalt-terapeuta. Doutoranda em psicologia (UFRJ), mestre em psicologia (UFRJ), especialista em sexualidade com ênfase em gênero, pesquisa papéis de gênero e mulheridade. É autora de artigos e capítulos de livros no campo de estudos de gênero.

O que e como você deseja? Esta pergunta dispara a motivação para uma conversa a respeito do processo construtivo de desejos e sexualidades, e suas bases neoliberais e coloniais. Coletivizar a sexualidade promove sua desintegração como propriedade do corpo, e a inclui como dimensão social, portanto, produzida a partir de um fundo de hábitos e orientada em uma regulação neurótica. Qual o limite de adaptação neurótica o desejo precisa alcançar para ser aceito socialmente?

Tatiana Campbell
Psicóloga clínica, gestalt-terapeuta, supervisora clínica, psicóloga no @interatrans, professora convidada em Institutos de Gestalt-terapia, coordenadora do curso de Desformação em Sexualidade, Gênero e Gestalt-Terapia do IGT-RR. Pesquisa temas relacionados a política, colonialidades e subjetivação de identidades.

O grande intuito desta exposição é apresentar narrativas acerca das sexualidades negras que fujam dos lugares de patologização, hipersexualização, exotização e fetichização. Historicamente as pessoas negras sofrem com essas marcas, que são constantemente confirmadas pela colonialidade e pelas estruturas de poder que operam juntamente com ela: machismo, sexismo e racismo. Sendo assim, a proposta é trazer olhares mais respeitosos, potentes e positivados para tais sexualidades. Além disso, pretende-se apresentar o que a Gestalt-terapia tem a somar na compreensão da temática, a partir da exposição das possíveis interlocuções.

Renata Aparecida Basto Santos
Psicóloga clínica, gestalt-terapeuta pelo Instituto Gestalt de São Paulo (IGSP) com pós-formação em Gestalt-terapia pelo Instituto de Gestalt-terapia de Roraima (IGTRR) e pós-graduada em Psicosexologia e Educação Sexual. Atende adultos, trabalhando principalmente temáticas ligadas a questões étnico-raciais, relacionamentos e sexualidade. Conduz grupos de estudos, é supervisora clínica e professora.

Não há como pensar em um fazer clínico que não esteja atento às questões estruturais e estruturantes que produzem sofrimento nos sujeitos. A Gestalt-terapia entende que há diferentes dimensões desses sofrimentos que nos exigem também diferentes intervenções de acolhimento. Sendo assim, como articular, na clínica, um olhar para o sujeito, entendendo seu lamento como único mas também compreendendo toda uma coletividade? Como canta Gonzaguinha, "Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas … e é tão bonito quando a gente entende que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá". Vamos caminhar juntes e chegar a "lugar nenhum" a partir dessas reflexões?

Rayane Sales Nobre de Lima
Psicóloga clínica, gestalt-terapeuta pela Diálogos - Centro de Desenvolvimento de Pessoas e Psicologia Clínica; Formação em Acompanhamento Terapêutico pela Aware Centro, em Educação Popular pela Rede Emancipa Ceará, pós-graduada em Educação, Política e Sociedade. Faz parte do movimento político Frente de Mulheres do Cariri.

A proposta desse diálogo está assentada na urgência do posicionamento da Gestalt-terapia em abrir e desenvolver discussões sobre dinâmicas sociais as quais, historicamente, têm vulnerabilizado as relações. Nesta oportunidade, a inautenticidade da relação: negro - não negro, orientará as reflexões com o propósito de pautar a possibilidade de integração das diferenças, enquanto perspectiva que sinaliza para as necessidades prementes do humano: expandir e realizar.

Lígia Santos Costa
Psicóloga, terapeuta e supervisora orientada pela clínica da Gestalt-terapia, professora e coordenadora integrante do Centro de Estudo e Pesquisa em Gestalt-terapia da Bahia. Mestra em Estudos sobre Linguagens, doutoranda interessada em psicologia, mulheres e raça.

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Eventos Anteriores

I Gestalt em todo lugar

O Sofrimento ético-político e a clínica gestáltica

Preocupados com os efeitos psíquicos da pandemia e com o aumento da desigualdade social acirrada pelo ethos neoliberal e pelos retrocessos nas políticas públicas, vamos tematiza neste encontro o Sofrimento Ético-político e a Clínica Gestáltica, através de debates sobre este sofrimento nas diferentes populações excluídas pelos dispositivos de poder e pelas diferentes estruturas sociais que promovem discriminação, exploração e menos valia.
Acreditamos que a consciência crítica e a construção conjunta sejam a potência necessária para transformar.

 

V GT Catarina e I Encontro de Cultura Solidária

Se uma Gestalt é um todo de partes sem síntese, já em sua definição deparamo-nos com dois significantes, aparentemente opostos, os quais delimitam os desafios éticos, políticos e antropológicos da clínica em nossos dias: diferença e inclusão.  Cada dimensão ou figura em uma gestalt delimita uma diferença, e todas elas estão comunicadas de modo não coercitivo, de onde se segue que, em uma clínica gestáltica, não operemos a partir de finalidades ou princípios. E é em nome dessa forma anárquica de compreender o que emerge em uma experiência que a clínica gestáltica se propõe ao exercício da inclusão às diferenças que se apresentam como discursos diversificantes e formas de vida diferentes.  Mas quais são hoje as diferenças às quais a clínica pode acolher? Qual o sentido ético, político e antropológico do acolhimento enquanto um projeto clínico?

Estas foram algumas das questões que nortearam a quinta edição deste evento que, por sua qualidade e diversidade, já é uma tradição entre os que reconhecem, na Gestalt-terapia entendida como Analítica da Forma, um projeto de clínica ampliada com aplicabilidade no  SUS  e SUAS.

Nesse sentido, o V GTCatarina incluiu, como evento paralelo e contíguo, o 1º Encontro Cultura Solidária, no qual o Instituto Granzotto apresentou e debateu os sete produtos culturais realizados no âmbito deste que é o primeiro projeto que relaciona Artes Integradas e Saúde Mental aprovado pelo Ministério da Cultura e que se chamou Projeto Inclusão Psicossocial na Cultura. Além de convidados nacionais e internacionais de grande renome no campo da saúde mental, o encontro contou com a participação dos diferentes sujeitos envolvidos nas 100 oficinas em Artes Integradas realizadas entre os meses de agosto de 2013 e março de 2014. Tratou-se de participar à comunidade acadêmica e clínica os efeitos de inclusão psicossocial produzidos a partir do emprego das tecnologias de acolhimento à psicose desenvolvidos no Instituto Granzotto.

4GTCatarina

I Encontro Paul Goodman 

“O sentido político da Gestalt-terapia”

O que é desejar quando a sujeição ao biopoder assume uma dimensão global? Pode o desejo ser diverso? Pode a clínica diversificar?

 Estas são as questões norteadoras da quarta edição do GTCatarina – Encontro Regional de Gestalt-terapia, cujo programa está voltado para discutir o lugar do desejo na clínica gestáltica e o sentido político das criações desejantes, tais como nós as encontramos  nas artes e  nas políticas públicas de inclusão das diversidades.

Inspirados em Laura Perls, segundo quem “não fosse por ele não haveria nada de significativamente relevante na GT”, discutiremos as contribuições de Paul Goodman para uma interpretação anárquica e ácrata da clínica enquanto um projeto político.

 

3º GT CATARINA

“Contato em questão: intimidade e virtualidade

No repertório de significantes  vinculados à Gestalt-terapia, o termo “contato”  talvez seja o mais conhecido.  Para muitos de nós, fazer Gestalt-terapia é fazer contato. O que significa dizer: fazer Gestalt-terapia é viver esse momento ambíguo chamado “contato”, o qual implica, por um lado, a manifestação do estranho entre mim e meu(s) semelhante(s): intimidade. Por outro, a possibilidade de integração (ou recusa) deste estranho à realidade de cada qual: virtualidade. 

Porém, em uma cultura, como a nossa, que acredita poder tratar o íntimo como se fosse algo senão demonstrável ao menos observável, em uma cultura para a qual a virtualidade é um objeto de consumo imediato e em tempo real, em que medida podemos reconhecer vivências de contato? Qual a atualidade dessa noção em tempos de comunicação “ciberespacial”? Em que medida ela ainda pode justificar esse projeto ético que denominamos Gestalt-terapia? 

Em sua terceira edição, o Encontro Catarinense de Gestalt-terapia (GT Catarina) dedica-se a pensar estas questões a partir de três eixos temáticos, descritos a seguir, e em torno dos quais você poderá participar, seja como anuente seja como proponente de painel, comunicação, mesa de discussão ou oficina terapêutica. Sejam todos bem-vindos!

 

2° GT CATARINA 

As clínicas gestálticas

Em uma época de declínio dos significantes do poder (lei, estado, pai...), as pessoas buscam a clínica por motivos que não necessariamente tem relação com a ansiedade que sentem frente à expectativa dos semelhantes.

Elas também querem fazer algo com a angústia decorrente do fato de não conseguirem identificar seus próprios excitamentos, ou com a aflição advinda das mais variadas formas de exclusão econômica, ético-política e situações de luto.

Qual lugar essas vivências reservam aos clínicos? Quais estratégias de intervenção elas exigem? Com o tema “as clínicas gestálticas”, nosso encontro procura discutir as possibilidades clínicas da Gestalt-terapia, principalmente aquelas estabelecidas na literatura e na prática gestálticas: clínica das neuroses e da perversão, clínica das psicoses, clínica do sofrimento ético-político e dos novos sintomas (alienação).

I GT CATARINAO sentido ético da clínica gestáltica

Instituir, em Santa Catarina, um espaço de interlocução para os que vêem na Gestalt-terapia a ocasião de uma “ética”: eis o propósito maior deste encontro que nós, do Instituto Muller-Granzotto de Psicologia Clínica Gestáltica organizamos em 2008.

Durante dois dias compartilhamos práticas, idéias e desafios que constituem nosso ofício de clínicos gestálticos. Para tanto, contamos com a colaboração de renomados parceiros vindos de outros centros de Gestalt-terapia, além de nossa equipe de profissionais e alunos do Curso de Especialização em Gestalt-terapia.